Um momento só para mim

Quero trazer-te para mim

Quero beijar-te assim

Sem pensar...

Quero olhar-te de perto

Quero buscar-te os olhos

E perder-me neles...

Quero tocar-te

Quero acariciar-te

Ter-te junto de mim...

Quero roubar-te

Quero fugir

E ter um momento só nosso...

Quero deixar o sonho

Quero fazer a realidade

Que sejamos verdade...

Quero dizer-te o que sinto

Quero explicar-te porque minto

E arriscar no sem fim!

Secretos desejos

Apareceres de repente
E tudo levas
A mente, a concentração
Provocas em mim um furacão...

E secretamente
Acendes o desejo em meu coração
Não sei o que é
De onde vem, para onde vai
Apenas que já não sou eu...

Fico leve como o ar
Histérica como uma miúda
Mas com desejos de graúda...

Quero abraçar-te e não sair dali
Prender-te no meu mundo
Despir-te num segundo
Fundir-me em ti!

Desejo-te e não te conto
Quero-te mas escondo
Olho-te quando no fundo quero dar-te um beijo...

Aquela pessoa estranha

Entrou e falou do tempo,
Uma banalidade como tantas outras...
Odiava o silêncio e os momentos desconfortáveis
Tinha uma maneira engraçada de se aproximar
Mas ele nunca ficava
E de pessoa em pessoa saltitava...

Era uma pessoa linda
Todos gostavam da sua presença
Delicada e cheia de alegria
Mas nunca se dava a ninguém
Mantia a sua distância
Como um estudo...

As suas palavras eram breves
Pragmáticas
Verdadeiros momentos estranhos
Nunca deixava a conversa morrer
Parecia o silêncio temer...

Sempre a olhar para o relógio
Explicou educadamente o que se seguia
Levantou-se e despediu-se
Mais um momento de tensão...

As despedidas deixavam-na desconfortável
Ela odiava dizer "adeus"
E ele adorava fugir
Mas vai-se lá saber porquê
Ela simpatizou com ele...

O poema dela

Pouco falta para meio do dia
Ela acende o cigarro
Pára por alguns segundos
"É o primeiro de hoje"
Diz enquanto olha para o infinito...

Na realidade ela é um espirito livre
Quem a vê não a associa
A uma casa, uma família, uma vida
Para além dos académicos e intelectuais
Hobbies...

Sei que ela quer falar,
Quando fica assim parada
Dá para ler nos seus olhos
Ela quer falar
Mas o mistério que a envolve
E as interrogações
Deixam-na perdida no nada...

"Estou a ficar com moca do cigarro"
E sorri...
Sorri para esconder a noite mal dormida
E a busca por respostas.
Procuro palavras para dizer
Não quero invadir o seu espaço
Faço conversa fiada...

Mesmo sabendo que ela vai ficar ali parada,
Dizer meias palavras sobre o que a sobressalta
E omitir aquilo de que sente falta...

O cinzeiro fica meio cheio,
Ou meio vazio!
É hora de ir embora,
Ela volta para o seu mundo com um sorriso
E eu fico a pensar
Será que era só isto que ela queria falar?

Encantos e Recantos

Olho-te
Mas não te vejo
Procuro-te
Mas desapareces
Espero-te
Mas não vens

Fiquei perdida no teu encanto
O meu mundo parou
Quando o nosso olhar se tocou
Mas nao me vês no meu recanto

Desejo-te
Mas não sonhas
Quero-te
Mas não te digo
Toco-te
Mas como amigo

Não consigo parar de pensar
Não controlo os meus sentimentos
Misturados com arrependimentos
Apenas te quero beijar

Observo-te
Sem proferir palavra
Sorrio
E por dentro o desejo lavra
Sonho
Mas evito pensar

E vivo assim perdida no meu pesar...

Dança, Dança, Dança

Dança comigo esta noite,
Deixa que o mundo seja nosso...
Leva-me às estrelas
Beija-me na Lua
Faz de mim tua...

Dança comigo esta noite,
Deixa que o instinto te leve.
A paixão nos tome,
Neste sentimento que nos envolve.

Dança comigo esta noite,
Foge comigo
Salva-me de mim mesma
E desta vida de lesma...

Dança comigo esta noite,
que o tempo escassa
E para sempre passa.

Não-Paixão

Não nego o Amor,
Tarde de mais para o fazer.

Não nego a Atracção,
Ela está em todos os cantos.

Não nego o Desejo,
Ele faz-se sentir todos os dias.

Não nego a Paixão,
Tarde de mais para a esconder.

Mas não vou apaixonar-me,
Não quero!

Não vou sonhar acordada,
Não!

Vou fechar os olhos para não brilharem,
E dar-me todas as desculpas
Para não pensar.

Não, não vou apaixonar-me
Por quem suspiro.

Não vou não!
Não vou apaixonar-me por ti!

O Nome

Chamei por ti
Entre as ruas desertas
Procurei por ti
No meio de multidões imaginárias

Será este o nome?
Ou será apenas mais um devaneio?

Busquei pelas pontes
Quis não desejar-te
Proibir-me de dizer teu nome
Castigar meus pensamentos

Minha alma desperta com a tua luz
Sorri com tuas palavras
Sente a falta quando não estás
Desperta quando chegas

Escondi-me para não te ver
Mudei de caminho
Para não me arrepender
Ao dizer teu nome com carinho...

Dança da Lua

Perco-me nas ruas do pensamento

Ali dançamos esta noite

Perdemo-nos nos olhos um do outro

E o infinito é nosso...

Desperto... e nas entrelinhas 

deixo escapar o teu nome

Não faz mal...

Apenas a Lua me ouviu

E é nela que deslizamos

Como que se fosse fácil

Compreender meu pensamento

Sem pensar em consequências...

Não há entendimento

Vais sempre sair quando entro

Desviar o olhar quando observo

Procurar quando me retiro

Vou continuando perdida

Nas fantasias de bailados

Silenciando o que não pode ser ouvido

Controlando o que não pode ser sentido...

Mas hoje permito-me a dança

Ninguém a testemunha

Por isso hoje vamos balançar juntos

Ao som do luar...

Cavaleiro desconhecido

Vens de mansinho,
E invades-me o pensamento,
Não sei quem és
Mas já chamei o teu nome...

No fundo,
Passo o dia a procurar-te
Mas sei bem que é impossível...
... Encontrar-te!

Sonho contigo,
Sinto-te a meu lado,
Mas sei que é apenas ilusão
Criada numa paixão,

Pois não sei quem és
Mas já chamei o teu nome...

O momento que não foi

Dois olhares se cruzaram,

Timidamente se desviaram,

Mas se lhe perguntarem

Ela dirá certamente que foi o sorriso

Que iluminava a sala e contagiava corações...

Duas gargalhadas soaram,

E no momento se compartilharam,

Mas se lhe perguntarem

Ele dirá que foi o brilho nos olhos

Que era fazia com que fosse impossível não rir...

Dois braços se tocaram,

E simplesmente ignoraram,

Mas se lhe perguntarem

Nenhum dos dois reparou

Porque o tempo naqueles instantes parou...

Duas almas se cruzaram,

E naquele segundo nenhuma reparou

No momento, no olhar, na gargalhada e no toque

Apenas a noite o testemunhou e um segredo guardou.

Encontra-me...

Hoje sou pequenina,
Sou uma das gotas de chuva,
Aquelas que ficaram esquecidas
do lado de lá da minha janela...

Toco nas teclas como se fossem um piano,
Sinto a falta de tocar,
de dançar
de rir...

Gostava de poder aconchegar-me no sofá,
Ligar a quem sinto falta
E dizer um monte de asneiras
Apagar o lado escuro do caminho
E admitir o que guardo a sete chaves...

Hoje esqueci-me do mundo
Ou foi ele que se esqueceu de mim?
Queria dançar na chuva
Mas já se foi...

E vejo o dia apagar
O tempo passar
Reencontro as letras
Pois o tempo tudo cura
Mas há hábitos que nunca mudam...
...e pessoas que sempre ficam.