sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Repentinamente...ou...lentamente...

E de repente
As noites ficaram dias
As tristezas alegrias
As solidões em orgias...

E eu já não emergia
Já não entristecía,
Já não escondia...

O Encanto voltou ao seu pranto,
O Amor aos seu recanto
E a luz ao meu canto...

A rima que escrevia era pobre,
A que escreverei será mais pobre,
Porque do meu canto nobre,
As palavras são de cobre...

E de repente
A luz em minha mente
Voltou a ter um silêncio demente
E a rima contente
Passou a latente!

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

A curiosidade de uma fada

Anita é uma rapariga de 19 anos, que apesar da sua idade continuava a acreditar em fadas. Para ela, as fadas existem e podem ser vistas pelas crianças, pois a inocência delas faz com que acreditem naquilo, a que os adultos chamam fantasia.
Um dia, enquanto se dirigia para o jardim, perto da sua escola, a fim de fumar uma ganza com os amigos. Algo pequeno, por detrás da folhagem, lhe chamou a atenção...
A princípio não ligou, mas como o pequeno ser continuava a olhar para ela, ela começou a dirigir-se, pé ante pé, a ele.
E teria conseguido alcança-lo, não fosse o seu amigo João a ter chamado.
- “Tão, onde é que ias?” – perguntou ao ver que ela ia para um lado oposto ao qual tinham combinado
- “Nada, pareceu-me ver algo. Mas não interessa. Vamos?”
- “Ya, bora!”
Os dois dirigiram-se para a parte mais reservada do jardim, e começaram a fazer a ganza...
- “Acreditas em fadas?” – perguntou Anita enquanto queimava a pedra, para a juntar ao cavaco, que já estava em cima da mortalha.
- “Não. Só acredito naquilo que vejo, e como nunca vi nenhuma. E tu?”
- “Eu acredito, o meu sonho era ver uma. Gostava de as observar nas suas casinhas em forma de cogumelo...”- respondeu com um ar sonhador, enquanto acendia a ganza já feita.
- “És, mas é maluca!”
Após, fumarem a ganza, seguiu-se o período de sentir os seus efeitos, onde os dois cantaram, dançaram e se riram.
Enquanto estavam nisto, a pequena criatura continuava a observa-los, e a pensar o porquê de o fazerem e qual seria a sensação.
A sua vontade era ir ao pé deles e perguntar-lhes qual era a sensação, mas não podia, pois, ela só podia aparecer a quem acreditasse na sua existência, e como o João não acreditava ela não podia aparecer.
Ficou, então, a observa-los de longe, esperando que o João deixasse Anita sozinha. E para sua sorte João foi-se embora mais cedo deixando Anita sozinha no jardim.
Aproximou-se devagarinho para não a assustar, e quando Anita a viu ficou perplexa, a princípio ainda pensou que fosse um sonho, mas depois lembrou-se que estava acordada. E com a voz trémula perguntou:
- “Quem és tu? E de onde é que vens?”
- “Sou uma fada e venho do reino da fantasia.”
- “Que fazes aqui?” – perguntou ainda esfregando os olhos, para se certificar que estava acordada.
- “ Venho mostrar-te que se acreditares muito numa coisa, essa coisa acaba por se realizar.”
Anita sorriu. Queria fazer-lhe muitas perguntas, mas limitou-se a toca-la, assim, mesmo que fosse um sonho saberia qual seria a sensação.
- “Mas tenho que te fazer uma pergunta.” – disse, então a fada
- “Todas as que te possa responder!”
- “Qual é a sensação de fumares aquilo, a que vocês chamam ganza"
- “Epa, é uma sensação de leveza, sentes-te bem sem nenhum problema e só queres é estar na tua a curtir.”
- “Só mais uma pergunta, porque é que o fazes?”
- “Porque me sinto bem.”
- “Será que eu podia experimentar?” – perguntou a fada
- “Tens mesmo a certeza? Não te irá fazer mal? É que o teu organismo é diferente do meu.”
- “Penso que não. Se eu não fico doente com as coisas que tu ficas, isto também não me irá fazer mal!”
- “ Está bem. Vou faze-la!”
Anita começou a faze-la. Enquanto isso, elas falaram de variadíssimas coisas, sobre as diferenças da vida das fadas com as dos humanos.
Chegou, a hora de a fada experimentar a sua primeira ganza, mal deu o seu primeiro bafo começou a tossir sem parar, Anita bateu-lhe nas suas pequenas costas. E quando parou de tossir, Anita explicou-lhe como é que se levava o fumo a baixo. Quando os seus efeitos começaram a sentir-se, a fada começou a ficar cada vez mais brilhante e a deitar pequenos brilhantes para cima da relva, em seguida começou a rir sem parar. Anita olhava-a perplexa.
Em breve os efeitos começaram a passar, a fada começou a voltar ao seu estado natural e quando voltou a si, apercebeu-se que apesar de se sentir bem quando os efeitos duravam, quando passavam tudo voltava ao normal e tudo aquilo não passava de uma futilidade.
E apesar de a sua curiosidade ter sido satisfeita, ficou uma nova pergunta no ar:
“ Porquê fugir aos problemas durante uns momentos, se depois tudo volta ao normal e temos que os resolver?”